domingo, 8 de maio de 2011

Paranóia.

Chão. Estava estirado no chão, de uma forma tão singela e medonha, que poderia ser confundido com um cadáver pútrido. Suas forças tinham atingido seu limite, restava apenas o frio convidativo do chão de mármore branco, e uma mente acelerada, da qual não precisava de mais inimigos, além dela.
Ela lhe pregava peça atrás de peça. E isso o cansou.
Lhe pregou a peça da dúvida, vestida de vermelho, com cabelos negros até o ombro. Um batom barato de cabaré com maquilagem carregada, que lhe seduzia, fazendo-o duvidar da índole, imaculada pelo passar dos anos, imaculada até o momento, imaculada para sempre. Como teve o despaltério de cogitar tais coisas? Maldita seja.
A peça do ódio, vestindo a imagem de uma senhora idosa, em trajes arroxeados com um véu espesso. Os cabelos brancos pareciam fios de prata soltos em uma noite negra de céu estrelado. Sua bengala de madeira, era adornada com um rubi, esta lhe deus os braços e começou a atuação, criando e cogitando situações das quais nunca aconteceram e não iriam acontecer. Criando um sentimento denso e intenso, que se dissolvia a cada vez que lhe era dito o contrário, que lhe mostrava que o carinho era interminável.
A peça do rancor, Vestida com um vestido verde claro de tecido leve, semelhantes aos usados em tardes de primavera. seus cabelos castanhos lhe caiam até as costas em ondulaçoes suaves e únicas. trazia consigo uma cesta na qual carregava doces. Os efereceu, e com uma mordida pequena, criou-se a vontade infindável de humilhar, pisar, esmagar, ás vezes até eliminar, cada um dos quais lhe haviam feito algo. Cada um dos quais era obrigado a manter sorrisos aparentes dia após dia, por motivo de educação e normas da sociedade a qual frequenta.
Cansou-se dessa rotina, de sofrer por antecipação. De acusar inocentes e de fugir dos culpados, e, principalmente, de sentir culpa.
Aos longe, passos ecoam. Pensa que é a próxima peça da qual sua própria mente, que deveria lhe tratar com toda compaixão possível ia lhe pregar. Perto, deita-se sobre ele. Murmura algo em seu ouvido, e lhe abraça.
O cheiro de alecrim, trabalho, e algo que não sabe descrever lhe é familiar.
Aquele abraço, possuía mais valor do que tudo que ele possúia.
Aquela pessoa? a sua salvação no mundo carnal.
E desde então, aprendeu que não se sente com a mente. Sente-se com o coração.

Um comentário:

disse...

O abismo que é pensar e sentir...