terça-feira, 28 de junho de 2011

Dois dedos de pó, e uma moldura amarela.

O garoto via seu reflexo, atrvés de um espelho completamente consumido pelo tempo.
Fitou seus olhos, ainda possuíam o mesmo tom âmbar, Mas já não tinham a mesma vida. Possuiam um olhar cansado, ao mesmo tempo frio. A emoção e a alegria, o calor que se irradiava destes, se foi, restando apenas uma feição dura, que no fundo, pede socorro.
Examinou sua face, cuidadosamente. Crescera! Agora adiquiriu alguns traços fortes, como de quem passou por muita coisa em pouco tempo. A sua face de criança desaparecera, dando lugar a um semblante solene, de quem pode dar exemplo. De quem não liga para o que acontece ou acontecerá, um semblante tão vago quanto dar explicações sobre a vida. Semblante de quem pede pelo golpe de misericórdia.
Observou o resto de seu corpo. Definitivamente não crescera. Seu braços não eram grandes, mas fortes. Como de quem teve que desferir muitos socos, e levar muitos, para aprender duramente o que não lhe foi ensinado. Socos que desferiu em pessoas inoscentes, ou em pessoas culpadas, ninguém será julgado. Não cabia a ele o poder do julgamento, cabia a ele apenas enfrentar o julgamento, e sair dele de cabeça erguida.
As mãos estavam mais grossas. Havia trabalhado, finalmente. Não há honestidade no captalismo, mas há quem seja honesto. Trabalha-se muito, ganha-se pouco, o que todos estão até a tripas cansados de saber. Mas se não houver trabalho, não há sobrevivência, e, consecutivamente, não há quem conte as histórias aos próximos que
virão.
Suas pernas apresentavam um aspecto de pernas que andaram muito. Que andaram dias e noites a fio, que seguiram vários caminhos, caminhos certos ou caminhos errados, mas que sempre lavavam em algum lugar, e sempre levavam a um aprendizado, seja ele útil ou não. Pernas que o levaram a cometer atos bons, quanto atos ruins.
Os pés, nem se falam. As solas queimadas por ter pisado em diferentes terrenos desconhecidos, terrenos no qua não sabia aonde ia dar e o que iria encontrar, regulares ou irregulares, literalmente terrenos da vida, que juntamente com as outras partes da qual ele havia examinado, o levaram para aonde ele se encontra hoje.
Viu claramente o ser que se tornou: alguém que passou por muita coisa, e ainda sim, estava de pé. Ainda que que se mostrasse desacreditado, estava alí. Ainda que ele olhe o que ele está trilhando hoje, ele sabe que haverá um final e que estara lá. Agora, talvez ele pudesse dizer que começou a aprender, que começou a mudar. Que, talvez, começou a entender a sua mente, que dança lambada sozinha todo dia, esperando companhia, e por ele recusar, se torna seu tormento.
Deu as costas ao espelho, viu o último reflexo de seu olhar vazio. O âmbar de seus olhos perdendo a ultima tonalidade restante. Pensou que devia sair daquele lugar, talvez a antiga morada não fosse um lugar agradável para novos princípios, novos aprendizados, planos e sonhos. O papel de parede mofado e descascado, não poderia receber novos quadros com lembranças. O assoalho danificado não poderia receber a mesa, na qual ele faria um possível pedido de casamento. O teto não suportaria o lustre que traria luz e paz a sua mente e espírito.
Sem olhar pra trás, ele abandonou o que demorara anos para construir: Um conjunto de crenças e costumes, atos, rotinas e sentimentos chamado passado.
Agora, pensou ele, eu possa andar em paz e me inspirar no meu motivo de mudança.
Afinal, não se entrega a chave de seu peito para a uma pessoa a toa.
Se ele o quer até o fim, e ser feliz, que aprendesse e mudasse.
E, finalmente, ele cometeu um grande acerto.

sábado, 4 de junho de 2011

Desilusão.

Havia um garoto, um que era comum aos olhos dos outros, um gênio renomado, que sempre teve perspectivas além da visão comum, que achava que tudo deveria ser diferente do habitual.
O que esse garoto via era apenas um esboço de um mundo imperfeito no qual ele vivia ... e essa vida cobrava um aluguel mais caro que esse garoto poderia jamais pagar...
Sua jornada por esse mundo desde o começo não foi fácil, crescendo em uma família humilde... logo descobriu ser apenas um hospede naquela maravilhosa família religiosamente militar.
Aos 14 anos ele descobriu ter sido adotado e que sua família verdadeira havia o jogado em uma lata de lixo quando ele era apenas um recém nascido prematuro de 6 meses.
Seu “pai” era um monstro arrogante e mesquinho, porém de certo modo era um homem bom, pois não deixava faltar as providencias do lar e muito menos agredia o garoto.
Sua mãe era uma pessoa extremamente bondosa, por ser temente ao Deus dela sempre esteve fazendo as coisas que para ela e a religião dela fossem corretas... mantendo sempre a imparcialidade no lar.
Mas o garoto não vivia sozinho em seu lar apenas com seus pais adotivos, ele também possuía um irmão, que em primeiros contatos sempre foi uma pessoa horrível, mas com o tempo foi aprendendo a dar valor a como o garoto enxergava o mundo.
Sua jornada foi sempre conturbada, pois ele tinha um modo incomum de ver o mundo e as pessoas que nele continham, s eu olhar era clinico e rigoroso... ninguém jamais deveria ser bom aos seus olhos... seus juramentos eram sagrados e suas regras pessoais eram sublimes....
Sua jornada foi sempre vazia e solitária, até encontrar pessoas que para ele se tornariam muito importantes no futuro, aos 17 anos ele o fez: encontrou uma ” caixa mágica” onde nela ele conseguia realizar todos os seus desejos e se aproximar de pessoas como ele, mantendo contatos com elas e criando laços!
Ele firmou laços com diversas pessoas de diversos modos diferentes e todas essas pessoas se tornaram algo que nem ele esperava, aquilo que ele viria a conhecer como amigos preciosos.
Ele relevou esses contatos por muito tempo, suas amizades irreais, acabaram por se refazerem no mundo real através de encontros pessoais e reuniões de grupos.
Mas o garoto ainda se encontrava vazio e nesse período enquanto ele estava solitário, idéias obscuras passavam por sua cabeça, o garoto em seu âmbito de solidão utilizava drogas, fumava, bebia e estragava o seu corpo, pois suas crenças o levavam a crer que aquilo não se passava de uma casca vazia sem importância e que a coisa mais relevante seria sua mente, algo que ele sempre aprendeu que o conhecimento nunca poderia ser tomado e que na velhice o mais importante seria a arte de conversar.
Sua regra mais importante era a verdade, não importa o quão dolorosa ela fosse deveria ser dita, não importa quantos tivessem de morrer ela não deveria ser ofuscada e o maior orgulho do garoto era que seu corpo era um templo ele não poderia ser visitado por amigos, nem por pessoas “impuras”, mas isso era muito complicado onde ele vivia, pois haviam incentivos de todas as partes e manter-se são , era uma tarefa cada vez mais difícil
Mas ao continuar sua jornada, o garoto encontrou um rio, e, do outro lado desse rio, também havia outro garoto, que o observava com um olhar Inefável. Eles conversavam sempre, mas nenhum jamais ousou atravessar o rio, que possuía águas turbulentas e poderosas que assustavam os dois.
Mas isso não impedia que os dois passassem os seus dias conversando, e aquilo esquentava o coração do garoto que jamais confiara em ninguém tão cegamente.
Durante essa jornada o menino do rio ensinava coisas ao garoto e ele ficava feliz por aprender, e assim eles se tornaram muito mais que amigos por anos e anos,até que o garoto tomou coragem de atravessar o rio e ver como era do outro lado do rio.
Ele prometeu a si mesmo que tudo seria diferente, abandonou as drogas, a álcool, o fumo e tudo que o prejudicava. Então ele voltou a acreditar nas pessoas .
Ao estar do outro lado do rio, o garoto jamais soube como voltar e acabou por começar a viver do outro lado do rio acompanhado do menino que agora já era um rapaz.
E de todas as coisas importantes que o garoto aprendeu, ele aprendeu algo que era valioso, porém que estava perdido, algo que todos diziam existir mas ele jamais havia conhecido,algo conhecido como amor, algo que se tem desde o berço, mas quando se vem de uma pessoa que não nos pertence a família é mais intenso e caloroso e é a melhor sensação do mundo!
Então por causa disso o garoto acabou esquecendo o que lhe era importante primeiro e suas regras pessoais foram se tornando apenas poeira diante do seu sonho irreal...
Lentamente ele quebrou a primeira e estava a dormir com aquele que ele considerava seu melhor amigo, foi para a segunda e se apaixonou por uma pessoa, foi pela terceira regra onde essa pessoa era um rapaz, chegou até a quarta regra e eles tiveram seu primeiro beijo.
E o garoto havia se perdido para sempre. Eele aprendeu a ter uma família, pois o rapaz dividia a dele igualmente, mas nem tudo são rosas e o garoto começou a cogitar o que ele fazia do outro lado do rio, onde não era o seu lar e todo que ele possuía estava longe!? Ele começou a sondar seus erros e seus acertos e medir as conseqüências de ambos,para ver onde ele estava melhor. Então ele fez um acordo com o rapaz.
Que jamais um mentiria para o outro e que a relação dos dois seria baseada apenas em verdade... e assim eles se tornaram mais felizes e mais próximos ainda...e tudo foi se tornando mais intenso e o garoto resolveu doar a sua alma. E aceitou fazer um laço mais forte que qualquer outro,mais inesperado mais puro e sagrado que qualquer outro, ele queria se ligar ao rapaz e aceitou que eles tivessem relações, mais isso aparentemente era errado, mas ele não ligava, estava em um frenesi que mal podia conter toda aquela energia que saia de si. Porém seu coração fez um estralo e ele acordou e viu o quão errado aquilo estava e parou antes de começar o ato, pois ainda havia um ponto que não havia se resolvido um pondo escuro que habitava o passado do rapaz, um passado que foi negado muito tempo atrás quando eles apenas caminhavam lado a lado no rio. E ele hesitou estar com o rapaz pois seu coração estava inquieto , e com os dias se passando o garoto conseguiu voltar a beira do rio e lá se sentava com os pés dentro da água esperando o dia clarear para que ele pudesse voltar para o inferno que ele chamava de lar.
Então o rapaz encontrou o garoto, sentado observando o mover das águas, se sentou ao seu lado, pegou a sua mão pediu desculpas e disse que seria verdadeiro dali para frente. Que negar o seu passado foi um modo de se proteger e não perder o que ele tinha conquistado, mas essa pequena mentira teve uma repercussão maior que o rapaz e muito maior que o garoto jamais esperava ter, e o garoto se sentiu decepcionado e enganado, e então ao voltar para o seu inferno, ele se deparou novamente com as drogas, o álcool e o fumo.
Ao retornar ele se deparou com uma carta de suicídio que ele havia escrito há muito tempo, mas ele se lembrou que ainda necessita cumprir muitas missões, ele a pôs novamente em sua gaveta, e deitou-se enquanto refletia no ocorrido.

[Contribuição d'O Garoto do outro lado do Vidro.]