quarta-feira, 21 de julho de 2010

Passividade.

Nada.
Mãos amarradas com um delicado pedaço de cetim.
O peito sangrava, o pensamento vagava longe. As lágrimas fluiam como um rio.
Nada. Nada ele poderia fazer.
Atado aos mesmos sentimentos utópicos, apenas mudavam de foco, nunca mudavam de curso ou história. A fábrica de lenços de papel devia uma fortuna a ele.
Do mesmo modo como se chega, se vai. Sempre que se vai, alguma parte dele se vai também. Sempre foi, mas sempre será?
 Chegou sem pedir licença, enfiou as mãos morenas no peito e o levou, sem pedir, sem dar nada em troca, sem dizer uma palavra. Dentre todas, havia sido a pior.
E se foi.
E nada ele poderia fazer a não ser bebericar de sua gorda xícara de café e aguardar.
Fitava a cortina grossa, na qual apenas um fio de luz passava, este caindo sobre a mesa empoeirada.
 Café frio, rouaps velhas, cetim vermelho.
E ele pronunciava uma frase repetidas vezes:

- Cuide do que levou. E o devolva algum dia, com o mesmo sorriso de quando o pegou.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Devaneios do café nº 5

Pés na água.
Em suas mãos, um livro antigo.
Em sua cabeça, aquele que conhecia a onze dias, mas pareciam onze anos.
Novamente, apenas esperava. Foi o que lhe restou.
O premio ao fim do dia valia toda a espera, isso o confortava. E o deixava ancioso em proporção igual.
O livro perdia o interesse. Toda forma de diversão parecia tediosa. Seus compromissos desmarcáveis chegavam, lentamente. Ele escolheu esta forma de aproveitar o tempo livre que restava.

Mas enquanto esperava, ele cantava.

~ If you were here I'd never have a fear
So go on live your life
But I miss you more than I did yesterday ~

E o passaporte para o paraíso logo chegaria, ele sempre soube esperar pacientemente.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Oito noite, sete dias, a cama vazia.

Pela primeira vez em muito tempo, sentia-se feliz.
Sentava-se alí, e esperava. Sentia falta, tornou-se dependente. Literalmente sentia-se uma criança esperando pelo prêmio ao final do dia.
Precisava ao menos ouvir um minuto daquela voz alegre lhe dizendo "Hey, conhece aquela música?" ou cantando em um tom perfeito, que ao menos ele achava perfeito.
Ele não tinha a palavras para explicar o que acontecia, o que sentia longe e perto da voz. Mas sabia que era bom, que o fazia feliz, que o mantinha longe daquilo que o acompanhou meses seguidos, e que pensando, tremia apenas em lembrar.
 Sete dias, oito noites, sacrificava suas necessidades com prazer apenas para ficar alí. Assuntos iam, vinham, risadas com uma frequencia ainda maior. Tudo aquilo era bom, tudo aquilo confortava seu emocional de uma maneira única. Ele o confortava de uma maneira única, o atraia de uma maneira única. Arriscando-se a dizer, não desejo carnal, um desejo bem superior, como se tudo que o garoto buscasse estivesse alí, cantando todos os dias as músicas que ele mais gostava. Inexplicavelmente, apenas o garoto não viu isso.
O que os ligava era inexplicável. Talvez uma série de afinidades, talvez a personalidade muito parecida. Não sabe-se ao certo. Apenas se sabe que a ligação torna-se mais forte a cada dia, e que ao menos de um lado, um é indispensável ao outro, independente da maneira que for.
Mas, apenas sabia que não iria desistir, e que irá esperar o tempo que for preciso, afinal, não há retorno sem espera, como não há satisfação sem sacrifício.