segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Vomita, põe pra fora.

Teorizava ele, que todas as cordas e linhas que sustentavam sua mente entre uma parte física, uma imaginária, um mundo de probabilidades e todos os outros mundos que criou um dia, em refúgio da sua mente, foram bruscamente rompidos e um mergulhou no outro, de forma brusca e não organizada. A porta de sua casa passou a dar para o trabalho. A gaveta da sua mesa continha um aquário. O bolso daquele casaco que guardou para um casamento que nunca chegou, continha um bilhete para todas as suas respostas.
O cliché da súbita compreensão atravessou o corpo dele como uma seta disparada por sei lá, um hipopótamo chinês.
Cada merda cometida, uma após a outra, em um pequeno capricho da casualidade de tornaram reais. E tangíveis. Tão real quanto a expressão em sua cara e tão tangível quanto a pilha de exames em cima da cama. Doces pílulas, um dia vocês se tornarão chiclete.
Resolveu tomar um banho. A água que caia do chuveiro foi a mesma que usou para passar aquele café fraco, mal medido, que dividiram em duas xícaras e em um colchão. Depois de uma semana interminável em que provou de toda fuga e covardia do mesmo, concluiu que o café, de um todo, não estava tão fraco, e o banho, agradável.
Escolheu sua melhor camisa de botões, arrumou os cabelos pela primeira vez em anos, e foi calçar as botas. O couro das botas foi o mesmo que se atritava com o dele três vezes por semana em uma cama de solteiro. Que lhe dizia o que queria ouvir, e jogava migalhas de um banquete como se fosse o suficiente. O mesmo couro que amou um dia. Mas ele não estava mais ali, e as botas eram confortáveis, afinal.
Abriu a porta, cruzou a soleira, estantes e mais estantes com os mais variados títulos. Pegou qualquer um e leu a página. As mesmas palavras que utilizou por dez meses como ofensa e provocação a pessoas que não mereciam, enquanto dirigiam a ele palavras de tolerância, paciência e afeição. Enquanto ele mostrava o podre, mostravam o belo, num infinito contraste. Ao menos hoje ele sabe combinar as roupas e escolher um bom livro, como aquele em que as palavras ficaram agradáveis.
Fechou o livro assim que chamaram seu nome no consultório três. O mesmo consultório em que a última das peças do dominó caiu. Obrigado, casualidade.
Não entendeu nada do que o médico lhe disse, como se ele falasse um dialeto de aramaico narniano, e ele, português. pegou o exame e voltou para a casa, não o abriu. Fez todo um ritual e o colocou em cima da pilha com os demais na cama, e tirou um papel do bolso da calça: O dito bilhete com todas as respostas.
Leu o bilhete. Tirou um isqueiro de seu bolso direito, e o queimou. O gosto do tabaco nunca muda, afinal.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

[Adicione um Destinatário]

Perto. Eu gostaria de saber, porque ultimamente se faz tão presente, e tão inexistente.
Fins não justificam os meios, muito menos novos pressupostos começos para coisas terminadas de modo brusco, rude e incerto.
Talvez um delírio, um ataque, uma interferência, uma torcida organizada conspirando o fim.
De certa forma, isso soa como um monte de frases bem (ou mal) escritas desconexas alinhadas em uma página, dobradas dentro de um envelope e jogadas a um canto qualquer. Ou possam fazer sentido. Ou possam ser apenas dedos correndo velozmente pelo papel escrevendo o que vem direto do peito, sem passar pela cabeça, sem o dito filtro: Apenas dizendo o que tem que ser dito, o que, de um modo cru, tem que ser colocado pra fora. Se escrever ou não é a solução, nunca se sabe.
Paramos no tempo. Ontem continua sendo o dia da brusca despedida na estação. O dia que eu tive meu último abraço e ouvi a seguintes palavras: "Eu te amo. Mas você me faz mais mal do que bem. Vai pra casa, e fica bem."
Continua sendo o dia após aquilo. O dia seguinte a tudo isso. Não é um dia legal, sabia? Nunca foi. É um dia que você espera notícias. Um dia que tudo ainda é tão fresco que menções honrosas a teu nome doem mais do que repressão policial. Onde não existe gaze que estanque o que sai, onde, isso é ridículo, mas eu não suporto pensar na sua silhueta vestida de verde me dando as costas e dizendo adeus. (Antes que eu apagasse em um banco de ônibus qualquer e rodasse a cidade inteira, em estado de nulidade)
Um dia que eu passo por lugares e lembro de coisas, sorrisos, afagos, atos, omissões, de um conjunto tão complexo e afiado de coisas que confortam de certo modo, me fazem abrir um sincero sorriso e lembrar com afeto das coisas feitas, e perfuram, pela falta e pela culpa. os dois na mesma intensidade, porque, se eu disser que sinto mais falta que culpa, ou mais culpa que falta, é mentira, e hipocrisia. E quanta hipocrisia.
Na verdade, eu parei no tempo. Continuo na vida, inerte. Sem seguir adiante, e sem voltar, fazendo as mesmas coisas que costumava fazer, talvez até do mesmo modo. Eu simplesmente vivo, respiro e aguento esse dia interminável. Conheço pessoas, e nenhuma é suficientemente boa, suficientemente ruim, nenhuma tem uma lasca sequer daquela mistura agridoce e dura que é você. Eu realmente parei no tempo, ao contrário de você. Apesar que não sei o que se passa contigo desde ontem, o que deve ter sido muita coisa. Mas tudo bem, nada mais do que eu mereça, não saber, ficar as escuras. Sentir cada traço e cada lembrança que eu tenho definhar e virar apenas passado. Ver o efeito do tempo sobre a matéria, alterando cenários e personagens, alterando o mundo que vive e não me espera, enquanto eu continuo parado no tempo usando o mesmo moletom que usei ontem.
Acho que foi tão forte que eu comecei a perder a sanidade. Começando por escrever essa coisa toda, mas, sabe o que dizem, né? Melhor para fora do que para dentro!
Então, cometendo mais um ato de puro egoísmo, egoísmo esse, que nos levou a esse fim, que me trouxe esse fim, que concretizou a quebra do meu relógio, eu coloquei tudo isso para fora. Só para ter a sensação de satisfação e nostalgia, de relembrar de tudo o que costumávamos ser enquanto os dedos corriam, simples e falantes, não pensantes, mas falantes.
No fim, viva bem, é meu desejo mais sincero do fundo do meu peito. Eu ainda vou continuar no dia depois de ontem por mais algum tempo. Acho que até quando a minha alma resolver reagir e eu comprar um relógio novo. Até quando eu sentir o quanto estou perdendo vivendo apenas um dia. Um dia, que dura mais de um ano e quatro meses.

sábado, 11 de maio de 2013

Plataforma dois, vagão doze.

O Garoto postava-se em pé, em frente as portas do vagão, esperando o aviso sonoro para que saísse do mesmo.
Em seu mundo particular, pensava apenas em dragões, foices, cavalos e magia, em sua mais simples e bela forma. Seus fones impediam qualquer forma de contato com o mundo externo, como ele bem queria no momento. Foi quando o viu: Através das lentes sujas dos grandes óculos de armação preta, num único relance em que se movia rapidamente até as escadas, o desenhista.
O desenhista sentava num encardido bando de plástico, usava uma amassada, e em certos pontos desbotada, blusa de frio preta com gorro, que lhe caia bem e parecia confortável. Em suas mãos, um caderno aberto, um lápis e uma borracha.
Os olhares se cruzaram em um certo ponto entre a escada que subia, e o trem que se movia. Quentes olhos verdes com um toque de âmbar, que refletiam toda a solidão e compaixão do Desenhista encontraram os gélidos e baixos olhos do Garoto. A reação foi instantânea: um simples sorriso se formou nos lábios do garoto. Correspondido com outro sorriso.
O desenhista se levantou, e embarcou no trem seguinte. O Garoto esperou o embarque, certo de que um dia, o veria novamente, virou-se e ajeitou os fones, antes de seguir caminho a seu porto seguro, desejando que aquela centelha da paixão dos trilhos ardesse novamente.

domingo, 4 de setembro de 2011

Ao cachorro.

Caro cachorro:

Eu sei, eu sei. Você não me conhece direito, assim como eu não te conheço o suficiente para dizer algo a seu respeito.
Porém, cachorro, você me faz bem. Assim como poucas pessoas me fazem. Soa inacreditável, né?
Não sei bem como te dar uma explicação.
Eu sei que, começou talvez com uma conversa ou um olhar, e, bem, acabou que eu só quero o seu bem.
Só expresso que compadeço do que sente. Doi, né?
Acredite, ela é passageira. Doeu em mim, e aquele hipopótamo as vezes me faz falta.
Porém, percebi que aquele hipopótamo não merecia minha dor, nem minhas lágrimas. Acho que ele merecia um sorriso, e ser feliz do jeito dele seguindo seus caminhos, e eu, como boa raposa que sou, assim o fiz. As pessoas colhem o que plantam, e, um dia, chegará tanto a minha colheita quanto a sua, quanto a dele.
Então, caro cachorro, peço apenas que permita que eu seque suas lágrimas, porque, apesar de poucos dias, estimo o seu bem, assim como sua breve companhia e o bem estar e paz de espírito que consegue me trazer.
Peço desculpas por algo inconveniente, ou por ser chato demais.
Não é típico de raposas escreverem cartas com tamanho sentimento, ou tamanha ansiedade, ou talvez tamanho afeto.
Só digo que não é mais um, é o que és por dentro, cachorro.


Atenciosamente,
A raposa.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Elísios.

O garoto sempre ouviu, que um dia quando os mortos, pelo menos aqueles que são bons,corretos e puros , assim que partem, encontram caronte, o barqueiro, para atravessa-los pelos rios estige e o Aqueronte e após essa travessia eles chegavam em um local chamado Campos Elísios, com isso em mente o garoto sempre planejou ser bom e generoso; Por mais que as dificuldades o abatessem, com isso ele criou uma barreira muito forte à qual evitava que as pessoas chegassem próximas a ele, para que assim ele se mantivesse puro e não fosse contaminado pela maldade do mundo e também para que ele não pudesse ferir ninguém.
Sua jornada sempre foi surpreendente, mas dessa vez ele teve algo tão inesperado que nem ele mesmo soube como lidar, o rapaz, seu antigo amigo, agora estava muito mais próximo que antes, seu companheirismo estava mais forte seus pensamentos eram quase que iguais e o apreço que um sentia pelo outro ficou cada vez maior.
Em uma noite tempestuosa de ventos fortes e gélidos,o garoto estava em uma jornada pelo outro lado do rio, mas nada saiu como planejado e ele foi atingido pela tempestade e quando estava perecendo, foi encontrado pelo rapaz próximo a cabana de uma amiga que estava caçando em outro condado, então o rapaz ofereceu abrigo ao garoto, que não havendo alternativa, aceitou dormir com seu estimado amigo; mesmo com as roupas molhadas as providencias estavam em baixa, comida e água estavam escassas por aquela noite e a sua fogueira estava próxima às cinzas e a para que a sobrevivência fosse garantida, dormir juntos foi a única solução.

Sem jeito, o garoto tirou a camisa que estava molhada pela tempestade que os atingira anteriormente e ao notar que o frio não passava, resolveu tirar o resto da roupa molhada igualmente o rapaz havia feito. Nisso foi compartilhado o aclamado calor humano, entregues um ao outro, o rapaz e o garoto se deitaram juntos para se aquecer e manter a vida um do outro, como já haviam dormido juntos anteriormente não houve problemas à não ser a nudez que deixava o garoto meio sem jeito.
O frio tornou-se cada vez mais intenso, então foi necessário que eles ficassem mais próximos ainda ao ponto de se abraçarem, então o garoto teve a devida recaída e beijou o rapaz na intensidade que jamais havia tocado alguém, quase que como um vampiro louco por sangue, seu beijo aqueceu o rapaz não só fisicamente, mas elevou a sua chama interna aquela que ele alimentava fielmente de todos os dias com o sorriso do garoto.
Ali mesmo sob o teto da cabana do rapaz, o garoto experimentou a sensação de ter a sua primeira vez e o rapaz sempre gentil o guiou e o ensinou gentilmente como se portar, fazendo daquele momento o acontecimento mais importante da vida do garoto e em sua imaginação aquilo que todos sempre o incentivaram jamais poderia se comparar à como ele se sentiu apenas uma sensação indescritível, um prazer imensurável, algo que ele jamais soube lidar ocupou sua mente e durante aquele momento e ele aprendeu algo completamente paradoxal, que no dia em que ele perdeu a sua pureza de um modo incorreto, ele alcançou o tão aclamado Elísios.


[Outra colabração d'O Garoto do outro lado do Vidro]

terça-feira, 28 de junho de 2011

Dois dedos de pó, e uma moldura amarela.

O garoto via seu reflexo, atrvés de um espelho completamente consumido pelo tempo.
Fitou seus olhos, ainda possuíam o mesmo tom âmbar, Mas já não tinham a mesma vida. Possuiam um olhar cansado, ao mesmo tempo frio. A emoção e a alegria, o calor que se irradiava destes, se foi, restando apenas uma feição dura, que no fundo, pede socorro.
Examinou sua face, cuidadosamente. Crescera! Agora adiquiriu alguns traços fortes, como de quem passou por muita coisa em pouco tempo. A sua face de criança desaparecera, dando lugar a um semblante solene, de quem pode dar exemplo. De quem não liga para o que acontece ou acontecerá, um semblante tão vago quanto dar explicações sobre a vida. Semblante de quem pede pelo golpe de misericórdia.
Observou o resto de seu corpo. Definitivamente não crescera. Seu braços não eram grandes, mas fortes. Como de quem teve que desferir muitos socos, e levar muitos, para aprender duramente o que não lhe foi ensinado. Socos que desferiu em pessoas inoscentes, ou em pessoas culpadas, ninguém será julgado. Não cabia a ele o poder do julgamento, cabia a ele apenas enfrentar o julgamento, e sair dele de cabeça erguida.
As mãos estavam mais grossas. Havia trabalhado, finalmente. Não há honestidade no captalismo, mas há quem seja honesto. Trabalha-se muito, ganha-se pouco, o que todos estão até a tripas cansados de saber. Mas se não houver trabalho, não há sobrevivência, e, consecutivamente, não há quem conte as histórias aos próximos que
virão.
Suas pernas apresentavam um aspecto de pernas que andaram muito. Que andaram dias e noites a fio, que seguiram vários caminhos, caminhos certos ou caminhos errados, mas que sempre lavavam em algum lugar, e sempre levavam a um aprendizado, seja ele útil ou não. Pernas que o levaram a cometer atos bons, quanto atos ruins.
Os pés, nem se falam. As solas queimadas por ter pisado em diferentes terrenos desconhecidos, terrenos no qua não sabia aonde ia dar e o que iria encontrar, regulares ou irregulares, literalmente terrenos da vida, que juntamente com as outras partes da qual ele havia examinado, o levaram para aonde ele se encontra hoje.
Viu claramente o ser que se tornou: alguém que passou por muita coisa, e ainda sim, estava de pé. Ainda que que se mostrasse desacreditado, estava alí. Ainda que ele olhe o que ele está trilhando hoje, ele sabe que haverá um final e que estara lá. Agora, talvez ele pudesse dizer que começou a aprender, que começou a mudar. Que, talvez, começou a entender a sua mente, que dança lambada sozinha todo dia, esperando companhia, e por ele recusar, se torna seu tormento.
Deu as costas ao espelho, viu o último reflexo de seu olhar vazio. O âmbar de seus olhos perdendo a ultima tonalidade restante. Pensou que devia sair daquele lugar, talvez a antiga morada não fosse um lugar agradável para novos princípios, novos aprendizados, planos e sonhos. O papel de parede mofado e descascado, não poderia receber novos quadros com lembranças. O assoalho danificado não poderia receber a mesa, na qual ele faria um possível pedido de casamento. O teto não suportaria o lustre que traria luz e paz a sua mente e espírito.
Sem olhar pra trás, ele abandonou o que demorara anos para construir: Um conjunto de crenças e costumes, atos, rotinas e sentimentos chamado passado.
Agora, pensou ele, eu possa andar em paz e me inspirar no meu motivo de mudança.
Afinal, não se entrega a chave de seu peito para a uma pessoa a toa.
Se ele o quer até o fim, e ser feliz, que aprendesse e mudasse.
E, finalmente, ele cometeu um grande acerto.

sábado, 4 de junho de 2011

Desilusão.

Havia um garoto, um que era comum aos olhos dos outros, um gênio renomado, que sempre teve perspectivas além da visão comum, que achava que tudo deveria ser diferente do habitual.
O que esse garoto via era apenas um esboço de um mundo imperfeito no qual ele vivia ... e essa vida cobrava um aluguel mais caro que esse garoto poderia jamais pagar...
Sua jornada por esse mundo desde o começo não foi fácil, crescendo em uma família humilde... logo descobriu ser apenas um hospede naquela maravilhosa família religiosamente militar.
Aos 14 anos ele descobriu ter sido adotado e que sua família verdadeira havia o jogado em uma lata de lixo quando ele era apenas um recém nascido prematuro de 6 meses.
Seu “pai” era um monstro arrogante e mesquinho, porém de certo modo era um homem bom, pois não deixava faltar as providencias do lar e muito menos agredia o garoto.
Sua mãe era uma pessoa extremamente bondosa, por ser temente ao Deus dela sempre esteve fazendo as coisas que para ela e a religião dela fossem corretas... mantendo sempre a imparcialidade no lar.
Mas o garoto não vivia sozinho em seu lar apenas com seus pais adotivos, ele também possuía um irmão, que em primeiros contatos sempre foi uma pessoa horrível, mas com o tempo foi aprendendo a dar valor a como o garoto enxergava o mundo.
Sua jornada foi sempre conturbada, pois ele tinha um modo incomum de ver o mundo e as pessoas que nele continham, s eu olhar era clinico e rigoroso... ninguém jamais deveria ser bom aos seus olhos... seus juramentos eram sagrados e suas regras pessoais eram sublimes....
Sua jornada foi sempre vazia e solitária, até encontrar pessoas que para ele se tornariam muito importantes no futuro, aos 17 anos ele o fez: encontrou uma ” caixa mágica” onde nela ele conseguia realizar todos os seus desejos e se aproximar de pessoas como ele, mantendo contatos com elas e criando laços!
Ele firmou laços com diversas pessoas de diversos modos diferentes e todas essas pessoas se tornaram algo que nem ele esperava, aquilo que ele viria a conhecer como amigos preciosos.
Ele relevou esses contatos por muito tempo, suas amizades irreais, acabaram por se refazerem no mundo real através de encontros pessoais e reuniões de grupos.
Mas o garoto ainda se encontrava vazio e nesse período enquanto ele estava solitário, idéias obscuras passavam por sua cabeça, o garoto em seu âmbito de solidão utilizava drogas, fumava, bebia e estragava o seu corpo, pois suas crenças o levavam a crer que aquilo não se passava de uma casca vazia sem importância e que a coisa mais relevante seria sua mente, algo que ele sempre aprendeu que o conhecimento nunca poderia ser tomado e que na velhice o mais importante seria a arte de conversar.
Sua regra mais importante era a verdade, não importa o quão dolorosa ela fosse deveria ser dita, não importa quantos tivessem de morrer ela não deveria ser ofuscada e o maior orgulho do garoto era que seu corpo era um templo ele não poderia ser visitado por amigos, nem por pessoas “impuras”, mas isso era muito complicado onde ele vivia, pois haviam incentivos de todas as partes e manter-se são , era uma tarefa cada vez mais difícil
Mas ao continuar sua jornada, o garoto encontrou um rio, e, do outro lado desse rio, também havia outro garoto, que o observava com um olhar Inefável. Eles conversavam sempre, mas nenhum jamais ousou atravessar o rio, que possuía águas turbulentas e poderosas que assustavam os dois.
Mas isso não impedia que os dois passassem os seus dias conversando, e aquilo esquentava o coração do garoto que jamais confiara em ninguém tão cegamente.
Durante essa jornada o menino do rio ensinava coisas ao garoto e ele ficava feliz por aprender, e assim eles se tornaram muito mais que amigos por anos e anos,até que o garoto tomou coragem de atravessar o rio e ver como era do outro lado do rio.
Ele prometeu a si mesmo que tudo seria diferente, abandonou as drogas, a álcool, o fumo e tudo que o prejudicava. Então ele voltou a acreditar nas pessoas .
Ao estar do outro lado do rio, o garoto jamais soube como voltar e acabou por começar a viver do outro lado do rio acompanhado do menino que agora já era um rapaz.
E de todas as coisas importantes que o garoto aprendeu, ele aprendeu algo que era valioso, porém que estava perdido, algo que todos diziam existir mas ele jamais havia conhecido,algo conhecido como amor, algo que se tem desde o berço, mas quando se vem de uma pessoa que não nos pertence a família é mais intenso e caloroso e é a melhor sensação do mundo!
Então por causa disso o garoto acabou esquecendo o que lhe era importante primeiro e suas regras pessoais foram se tornando apenas poeira diante do seu sonho irreal...
Lentamente ele quebrou a primeira e estava a dormir com aquele que ele considerava seu melhor amigo, foi para a segunda e se apaixonou por uma pessoa, foi pela terceira regra onde essa pessoa era um rapaz, chegou até a quarta regra e eles tiveram seu primeiro beijo.
E o garoto havia se perdido para sempre. Eele aprendeu a ter uma família, pois o rapaz dividia a dele igualmente, mas nem tudo são rosas e o garoto começou a cogitar o que ele fazia do outro lado do rio, onde não era o seu lar e todo que ele possuía estava longe!? Ele começou a sondar seus erros e seus acertos e medir as conseqüências de ambos,para ver onde ele estava melhor. Então ele fez um acordo com o rapaz.
Que jamais um mentiria para o outro e que a relação dos dois seria baseada apenas em verdade... e assim eles se tornaram mais felizes e mais próximos ainda...e tudo foi se tornando mais intenso e o garoto resolveu doar a sua alma. E aceitou fazer um laço mais forte que qualquer outro,mais inesperado mais puro e sagrado que qualquer outro, ele queria se ligar ao rapaz e aceitou que eles tivessem relações, mais isso aparentemente era errado, mas ele não ligava, estava em um frenesi que mal podia conter toda aquela energia que saia de si. Porém seu coração fez um estralo e ele acordou e viu o quão errado aquilo estava e parou antes de começar o ato, pois ainda havia um ponto que não havia se resolvido um pondo escuro que habitava o passado do rapaz, um passado que foi negado muito tempo atrás quando eles apenas caminhavam lado a lado no rio. E ele hesitou estar com o rapaz pois seu coração estava inquieto , e com os dias se passando o garoto conseguiu voltar a beira do rio e lá se sentava com os pés dentro da água esperando o dia clarear para que ele pudesse voltar para o inferno que ele chamava de lar.
Então o rapaz encontrou o garoto, sentado observando o mover das águas, se sentou ao seu lado, pegou a sua mão pediu desculpas e disse que seria verdadeiro dali para frente. Que negar o seu passado foi um modo de se proteger e não perder o que ele tinha conquistado, mas essa pequena mentira teve uma repercussão maior que o rapaz e muito maior que o garoto jamais esperava ter, e o garoto se sentiu decepcionado e enganado, e então ao voltar para o seu inferno, ele se deparou novamente com as drogas, o álcool e o fumo.
Ao retornar ele se deparou com uma carta de suicídio que ele havia escrito há muito tempo, mas ele se lembrou que ainda necessita cumprir muitas missões, ele a pôs novamente em sua gaveta, e deitou-se enquanto refletia no ocorrido.

[Contribuição d'O Garoto do outro lado do Vidro.]

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Vinte horas e quinze minutos.

Os devaneios.
Eles vinham em sua mente como formigas ao pote de açúcar em um dia quente. Como baratas naquele pedaço de gordura de um bife frito que foi esquecido em cima da pia. Aos montes, aos turbilhões, insanos e sem piedade alguma.
Martelavam sua mente como quem quer abrir um buraco em uma parede com uma colher. Ele se encolhia em sua cama, virava de um lado a outro, ora agonizando, suspirando, ou chorando.
Em meio ao caos estabelecido em sua alma, decidiu aceita-los, e entender de onde vieram.
O lençol roxo tornava-se sua bancada, seu travesseiro tornava-se seu advogado, e aquele cobertor que lhe acolhia das noites quentes, o seu juíz.
O réu se encolhe, enquanto as provas são apresentadas. Vislumbra os últimos dias. As companhias incríveis, os momentos mágicos, vislumbra sua vida com ele. Vislumbra suas atitudes. Calafrio.
Percebeu imediatamente o que havia feito, percebeu que ainda há tempo para remendos. Percebeu que precisa amadurecer, se quiser levar o que tem e o que sente adiante. E quer, e amadureceu. A sentença foi dada, porém foi cumprida antecipadamente. Novamente, havia sofrido o que teria que sofrer por isto. O garoto se levanta e vai até o espelho. Seca suas lágrimas, uma a uma, e abre um sorriso de face a face.
Lembrou-se do valor inestimável de estar alí. Do que representava para alguns. Do que quer representar para um.
Ele havia decidido lutar. Não iria perde-lo para qualquer adversidade que sua mente lhe colocass, afinal, ele o escolheu, duas vezes. Então que dure, até irem a morada Dele.
Decidiu enfrentar seus medos. Encarar resposabilidades, abandonar velhos hábitos.
Em anos, ele despiu o pijama puído em listras monocromáticas e horizontais. Vestiu uma camisa verde, uma jeans, um tênis branco e olhou a sí mesmo. Havia mudado, sem deixar de ser quem era. Havia mudado para bem, E, pelo verde que vestia, pensava apenas em uma coisa que resume tudo o que ele mais deseja no momento: Esperança.

domingo, 8 de maio de 2011

Paranóia.

Chão. Estava estirado no chão, de uma forma tão singela e medonha, que poderia ser confundido com um cadáver pútrido. Suas forças tinham atingido seu limite, restava apenas o frio convidativo do chão de mármore branco, e uma mente acelerada, da qual não precisava de mais inimigos, além dela.
Ela lhe pregava peça atrás de peça. E isso o cansou.
Lhe pregou a peça da dúvida, vestida de vermelho, com cabelos negros até o ombro. Um batom barato de cabaré com maquilagem carregada, que lhe seduzia, fazendo-o duvidar da índole, imaculada pelo passar dos anos, imaculada até o momento, imaculada para sempre. Como teve o despaltério de cogitar tais coisas? Maldita seja.
A peça do ódio, vestindo a imagem de uma senhora idosa, em trajes arroxeados com um véu espesso. Os cabelos brancos pareciam fios de prata soltos em uma noite negra de céu estrelado. Sua bengala de madeira, era adornada com um rubi, esta lhe deus os braços e começou a atuação, criando e cogitando situações das quais nunca aconteceram e não iriam acontecer. Criando um sentimento denso e intenso, que se dissolvia a cada vez que lhe era dito o contrário, que lhe mostrava que o carinho era interminável.
A peça do rancor, Vestida com um vestido verde claro de tecido leve, semelhantes aos usados em tardes de primavera. seus cabelos castanhos lhe caiam até as costas em ondulaçoes suaves e únicas. trazia consigo uma cesta na qual carregava doces. Os efereceu, e com uma mordida pequena, criou-se a vontade infindável de humilhar, pisar, esmagar, ás vezes até eliminar, cada um dos quais lhe haviam feito algo. Cada um dos quais era obrigado a manter sorrisos aparentes dia após dia, por motivo de educação e normas da sociedade a qual frequenta.
Cansou-se dessa rotina, de sofrer por antecipação. De acusar inocentes e de fugir dos culpados, e, principalmente, de sentir culpa.
Aos longe, passos ecoam. Pensa que é a próxima peça da qual sua própria mente, que deveria lhe tratar com toda compaixão possível ia lhe pregar. Perto, deita-se sobre ele. Murmura algo em seu ouvido, e lhe abraça.
O cheiro de alecrim, trabalho, e algo que não sabe descrever lhe é familiar.
Aquele abraço, possuía mais valor do que tudo que ele possúia.
Aquela pessoa? a sua salvação no mundo carnal.
E desde então, aprendeu que não se sente com a mente. Sente-se com o coração.

domingo, 10 de abril de 2011

O adorador de Hipopótamos.

Andava pela rua, descalço. Conseguia sentir em seus pés imundos cada pedra perfurar-lhe a sola. Sentia o sangue se esvair por elas e formar um pisar melado e gelado. O vento frio batia contra sua pele branca, tornando inútil sua única camiseta branca. Não sentia nada. não conseguia sentir nada, não se permitia sentir nada.
Ele se condenava
Condenava-se pela troca, por trocar o certo pelo duvidoso. Por pensar que iria dar certo com.. aquilo! Mas, condenava-se principalmente pelo estado de lástima, de pesar e de dor lascinante em que deixou o outro. Jurou que sentiria cada dor, que derramaria cada lágrima e ouviria cada grito que ele desferiu em agonia pelo acontecido. Jurou que teria que sentir em mesmo grau e intensidade a dor que causou. Assim o fez.
O abandono e a solidão em torno de dois anos foram uma experiência incrivelmente insuportável. A cada momento sentia falta, falta pelo que abandonou. A cada momento pedia, para que um dia isso pudesse ser revertido. Em todo momento, desde quando acordava, ou até quando se utilizava como objeto a terceiros.
Continuava sua mórbida caminhada rumo ao nada, ao vazio. Não sabia onde queria chegar, e tampouco sabia quando iria parar. Prendeu-se tanto em uma lembrança, em um erro, que parou seu tempo por isso. Sabia que tinha que sofrer, muito. Mas não sabia quando iria acabar, nem como iria acabar.
Quando teve a idéia de dar meia volta e voltar até o início, o destino lhe estende a mão e lhe diz gentilmente que não havia necessidade da pena ser cumprida. Pois erros são humanos e todos os cometem, porém o que se faz, se paga. As duas partes de um erro que envolvia três pagaram caro por isso. Um, a solidão, o remorso, e a tortura psicológica por dois anos. Outro, a perda do que mais deu valor por um erro brusco e um ardente desejo de vingança.
Assim dito o destino, vestiu sua capa cinzenta e se misturou junto a brisa na qual havia vindo, deixando a vista do garoto apenas a pessoa que a importava. Incrédulo estava naquele momento, se estava alí, significa que em algo havia acertado.
Então pela terceira vez na sua vida, ele retirou uma chave rústica de prata de seu bolso direito e abriu seu coração. Fez este gesto pedindo perdão do fundo de sua alma, deixando ciente de todos os seus desejos, felicidades e temores. Deixando-o ciente de que ele e apenas ele importava. De que ele era, é, e continuará sendo o centro gravitacional de seu mundo até que o ar abandone seus pulmões, e de que a pressa não o afeta em nada, pois por ele o tempo torna-se um grande companheiro de xadrez.
Ele, por sua vez, aceitou seu coração de bom grado, o guarda num lugar até outrora desconhecido e inimaginavelmente lindo: seu próprio peito, uma vez dilacerado por este meso coração que agora reside ao lado do seu.
Após os dedos se entrelaçarem mais uma vez, todas as juras tornaram-se válidas. Todos os carinhos tem direção certa, toda a certeza reside alí, pois sabe que não é eterno posto que é chama, mas que pode o fazer longo e inesgotável até subirem a morada Dele. E após isso, apenas uma palavra foi dita: Recomeço.