segunda-feira, 28 de junho de 2010

Looping.

O garoto andava.
Onde ele estava, ele não sabia. Como chegou alí, também não sabia.
Apenas tinha vontade de andar, até suas pernas reclamarem do ritmo, tinha vontade de andar, apenas por andar. Vontade de andar, para ver se esquecia.
Lembrava-se de uma pessoa. Junto desta, o quanto ela lhe fazia mal. Resolveu apagar a força, ao invés de entregar a situação as delicadas e macias mãos do tempo. Se divertiu, conheceu, o dois se tornou um, e tornaram-se dois novamente, repetidas vezes, por repetidos meses. Cansou. Simplesmente amassou a página e a atirou, sem relevar consequências, sentimentos e corações. Sentia-se completo, sentia-se feliz.
Meses a fio, apenas divertia-se. Sentia-se querido, de alguma forma. Não pensava, deixava seu instinto dominar. Cansou de tudo isso.
Buscava o algo, buscava aquilo que todos tem, mas ele não tinha. Uma bela noite de vigília, alguém cantava. Encontrou o algo que buscava.
Do mesmo modo que querer não é poder, encontrar não é possuir. O alguém era distante, e por mais que o amasse, não podia toca-lo, senti-lo, ver o mais sincero sorriso em sua face. Por mais que o amasse, isso o consumia lentamente por dentro, entranha por entranha, nervo por nervo.
Novamente, ele se cansou. Por mais que amasse a voz, a dor era insuportável. Desistiu. Levantou-se e andou lentamente.
Progressivamente, ele aumenta o ritmo, de um andar lento, passa a uma maratona. A ferida cicatriza.
Ele volta a andar a esmo, com as pernas reclamando do ritmo do andar. Andando apenas por andar.
Ao longe, ele ouve uma voz.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bom, texto reflexivo ao estado atual do autor ._. ]tah parei[

tipo, tah muito bom... gostei de andar ateh as pernas cansarem -saca?!-

Guih. disse...

Isso é algo que sempre acontece, e sempre vai acontecer. (: