domingo, 31 de janeiro de 2010

Sentimentalismo de Esquina.

O chão, uma pilha de fotos, uma lata e um isqueiro. Estava mais do que na hora de decidir o que se quer lembrar e o que se deve esquecer.
A cada foto, uma pontada, uma lâmina entrando, girando e saindo o mais dolorosamente possível, o chão começa a ficar úmido, de tantas lágrimas contidas, que não foram derramadas em seus respectivos momentos, por demonstrações frustradas de força e de superação.
O fato, é que todo mundo chora por determinado momento, mais cedo ou mais tarde.
Na metade da pilha, a totura se torna insuportável, joga-se o resto das fotos, ainda não vistas na lata e ateia-se fogo. Sorrisos falsos, beijos, que um dia foram eternos, derretendo em tinta de impressão e virando um punhado de cinzas.

Na cama, os fones são colocados, a lista de reprodução do Ipod em ordem aleatória, a cada música, um pensamento diferente, referentes ao passado, ao presente e ao futuro, era a hora perfeita para promessas pessoais, para reafirmar as afirmações pessoais, sair daquela bolha fétida e descobrir o que o destino reservava.

Ao final, é concluido que não se precisa de porra nenhuma de formação superior para se escrever algo, independente da merda que saia, veio de seu interior, é simplesmente um espelho de sua alma momentâneamente. Concluído também que aquela pessoa que aparenta ter uma cultura extraordinária, tomando seu café e fumando o seu cigarro, não passa de um pobre coitado que não terá nada mais do que vícios e modas fúteis no futuro. E, também, que a desvalorização pessoal ao ponto de se tornar uma puta de graça é viciante, tem o efeito de fazer feliz, confiante e poderoso, mas o seu último abraço será nos frios e magros braços da solidão. E, por último, que pessoas tem máscaras, por mais que jure não ter, e o quanto mais demora para caírem, pior é o rosto. [Ou seja, não adianta se iludir com qualquer um, ou é, ou não é.]

Uma pia, um rosto a ser lavado, diante do reflexo no espelho, a promessa de fazer o que deve ser feito é feita, um preço é pago, mas a retribuição não poderia ser melhor. Não existe sensação melhor do que a satisfação, que saber que evoluiu, e saber que tudo o que a três meses atráz julgava-se ser eterno, além de ter sido um monte de lixo e nervos queimados a toa, serviu para contruir um caráter melhor do que o anterior.

Ao fim de tudo, o resultado é uma vida de impulsos, uma busca sem fim pela satisfação do prazer, uma fome de ser e de amar, uma sede de crescer, e uma felicidade tamanha ao lado de quem buscou pela vida inteira.

Um comentário:

Letícia disse...

No fim, a gente acha que conquistou tudo o que queria, ou que temos tudo o que temos direito...

Mas na verdade, é que, no fim... A gente se acostuma com toda e qualquer coisa.